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01.08.2025Murais cobrem com poesia e cor o concreto do Centro de Curitiba

Uma caminhada de 600 metros pelo Centro de Curitiba revela uma galeria de arte a céu aberto. No trecho entre o Paço Municipal e o Bondinho da Leitura, no Calçadão da Rua XV de Novembro, cinco murais homenageiam grandes nomes da cultura paranaense.

Poty Lazzarotto, Paulo Leminski, Barão do Serro Azul, Helena Kolody e Luci Collin, nos traços dos muralistas Fernando Ferlin (Gardpam) e Marciel Conrado, estampam fachadas de alguns edifícios históricos.

As obras não apenas valorizam a memória local, mas antecipam o espírito da terceira edição do 3º Festival da Palavra, que acontecerá de 10 a 14 de setembro em 24 espaços da cidade. A edição de 2025 tem a escritora e crítica literária Luci Collin na curadoria e Helena Kolody como uma das homenageadas.

Poesia no concreto

As homenagens a Helena Kolody e Luci Collin ganham especial atenção não apenas pelo talento de ambas, mas também pela proximidade dos murais. Eles ficam a poucos metros um do outro, ao lado do Paço da Liberdade, na Praça Generoso Marques, e fazem um diálogo poético entre palavra e imagem.

O mural de Helena Kolody ocupa a fachada de um prédio de 17 andares. Nele, o rosto da poeta acompanha seu célebre verso: “Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um sol. Outros nem conseguem vê-la”. A pintura é assinada por Gardpam.

Já a homenagem a Luci Collin, curitibana, escritora de mais de 20 livros e tradutora premiada, está na lateral do edifício Palacete Tigre Royal, na Rua Prefeito João Moreira Garcez. A obra é assinada por Marciel Conrado e inspirada no poema Encarnado, de Luci.

Durante uma visita ao Centro, Camila Isadora Maier, de 38 anos, e sua mãe, Lídia Maier, de 63, sentaram em um banco para admirar o mural da Helena Kolody. “Às vezes a gente passa tão distraída pela cidade e não repara. Mas quando tem uma imagem assim, a gente para, olha e lembra do que é bonito”, disse Camila.

Leminski e o Barão

Outro mural impactante é o de Paulo Leminski, no Edifício Marechal Deodoro, na esquina da Travessa da Lapa com a Rua XV de Novembro. Com cerca de mil metros quadrados, o rosto do poeta salta da fachada com seu bigode inconfundível.

Leminski é o grande homenageado na Flip 2025, maior evento literário do Brasil e um dos principais da América Latina, que vai até este domingo (3/8), em Paraty, litoral do Rio de Janeiro.

Já a arte em homenagem ao Barão do Serro Azul fica na fachada lateral da Associação Comercial do Paraná, no calçadão da Rua XV. Também assinado por Gardpam, o painel em preto e branco homenageia Ildefonso Pereira Correia, símbolo da resistência durante a Revolução Federalista e empresário do rama ervateiro, fundador da ACP. As duas obras se integram ao cenário arquitetônico da região, próximo ao prédio histórico da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Poty Lazzarotto e o Bondinho da XV

Completando a série, a cidade ganhou uma pintura dedicada ao centenário de Poty Lazzarotto, em 2024. Quem desce o calçadão pela travessa em direção à Praça Zacarias pode ver na lateral de um dos edifícios a imagem de um dos grandes gravuristas e muralistas brasileiros, o curitibano Poty Lazzarotto.

O desenho de Gardpam mostra Poty caminhando pelo calçadão, com um lápis e um desenho embaixo do braço, tendo ao fundo o Bondinho da Literatura.

Legislação

Desde 2023, a capital paranaense conta com uma legislação específica que regulamenta intervenções visuais nas fachadas de edificações, como grafite, muralismo, poesia visual, pintura, mosaico, lambe-lambe ou colagem, desde que não tenham fins publicitários.

A norma garante segurança jurídica tanto para os artistas quanto para os proprietários dos imóveis, por um processo simplificado de alvará, feito online, sob gestão da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU). Isso tem permitido que a arte urbana floresça em consonância com o patrimônio arquitetônico da cidade.

 

 

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